Essa é o terceiro artigo de uma série falando sobre o mundo do cenário Terra 3600, daqui do RPG do Mestre. Caso queira ler mais, veja
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A humanidade chegou ao seu fim nos anos 3300. Na Terra, vê-se muita estrutura humana ainda funcional. O planeta poderá, finalmente, ter seu descanso e recuperar-se de tudo que os humanos fizeram nesses milhares de anos?
Para bem ou para o mal, a Terra ainda é um complexo de prédios, acima e abaixo da superfície. O incrível é saber que há poucos séculos, terremotos e vulcões devastadores fizeram o planeta tremer como nunca visto antes.
Labirintos e mais labirintos de concreto buscando os céus e o centro da Terra. Emaranhados de fios encapados interligando os poucos e antigos pólos de civilização que se mantiveram em pé até os últimos dias da sociedade humana.
Embora fossem alguns poucos milhões de pessoas em seus últimos momentos – bem longe dos 9.3 bilhões de mil e trezentos anos atrás – a estruturas humanas permaneciam aos montes. Não apenas estruturas mais recentes e avançadas, mas as antigas também, de quatro, cinco, seis mil de anos atrás, como as pirâmides do Egito.
Essas estruturas antigas destoavam das inúmeras estruturas mais recentes. Mesmo sendo protegidas, as regiões próximas às pirâmides, por volta dos anos 2400, foram aprimoradas com diversos recursos: reservatórios de água para 1 milhão de habitantes; redes de água, esgoto e elétrica – das mais bem feitas no mundo para não afetarem as pirâmides em si; e muito mais. Pareciam as pirâmides cópias que se via em Las Vegas, nos Estados Unidos, pelos anos de 2020.
Por volta de 3470, mesmo sem resquício de atividade humana, o maquinário responsável pela produção de energia continuava ativo. Mesmo com as várias estruturas remanescentes ainda consumindo energia, várias dessas estruturas começavam a ter degradação de suas fundações e equipamentos sem manutenção apropriada.
Os primeiros equipamentos a parar de funcionar foram os aparelhos com baixa vida útil, como certas lâmpadas, certos computadores de servidores pessoais, sensores usados em Internet das Coisas, portas automáticas, portas de segurança e muito mais. Aquecedores centrais de prédios e residências também estavam demonstrando seu fim já não funcionando mais ou causando explosões e destruindo algumas construções ao seu redor.
Esse século foi o primeiro em milênios, que a Terra teve descanso da ação humana. Nada demais.
Porém, como vários equipamentos eletrônicos estavam começando a não funcionar mais, não utilizar energia e, consequentemente, não gerar mais calor, a temperatura teve uma queda de 2 graus Celsius na média, chegando a 72.5, a mínima em aproximadamente 500 anos. Infelizmente, ninguém estava lá para ver esse, "milagre" acontencendo.
Com essa diminuição de temperatura, alguns dos raros espécimes sobreviventes, passaram a procriar e suas populações a crescer. Outro "milagre" que nenhum humanos presenciara. Entre esses raros animais, tem-se os camelos, roedores, insetos e alguns pássaros. Todos costumavam viver próximos a regiões muito quentes – próximo a vulcões semi-ativos – ou desérticas.
O início desse século foi muito como o final do século anterior: mais infrastrutura deixando de funcionar por falta de manutenção, menos gasto energético, queda de temperatura média e mais animais procriando. Algumas outras espécies, com alguns raríssimos casos de sobreviventes, voltaram a procriar, embora num ritmo ainda bem lento, talvez para adaptar-se ao novo ambiente.
Algo diferente, porém, começou a acontecer: algumas das antenas de comunicação que por quase dois séculos ficaram paradas passaram a mudar de direção. De alguma forma bem estranho, algo externo à Terra começara a mandar sinais de comunicação e encontrou formas de controlar tais meios de fora para dentro.
Logo depois disso, alguns outros locais começaram a também a funcionar por controle remoto. Algo estava lançando mão da super conexão entre os equipamentos eletrônicos através da mega internet para desativar algumas outras estruturas. Um detalhe que valhe à pena ressaltar é que após desligar tais estruturas começou a causar um efeito positivo na Terra: diminuição acelerada de temperatura.
Nas três décadas seguintes, até 3550, a temperatura da Terra conseguiu diminuir aproximadamente dez graus Celsius na média, chegando aos 62.5 graus Celsius. Obviamente, alguns lugares da Terra ainda alcançam temperaturas muito mais altas que essas, mas outros também chegam a temperaturas mais baixas, por volta dos 50 graus Celsius.
Já por volta de 3570, novos estruturas foram desativadas. Dessa vez, porém, algumas fábricas foram ativadas e passaram a produzir partes de robôs, as mais variadas possíveis. Essas mesmas fábricas conseguiram juntar essas diversas partes e criar robôs com certo nível de inteligência artificial, capazes de muito mais atividades que as máquinas existentes atualmente.
Esses robôs não tinham forma humana e eram bem especializados. Embora tivessem certo nível de inteligência artificial, o produto dela era utilizado para permitir que os próprios robôs fossem capazes de realizar suas tarefas da melhor, mais eficiente e mais rápida forma possível.
Ao final do século, próximo a 3590, a quantidade de robôs com essas capacidades já chegavam à casa das centenas de milhares. Muitos deles pareciam viajar pela Terra buscando o máximo de informações possíveis sobre a atual situação do planeta. Outros foram em direção a várias estruturas que precisavam ser desligadas mas não estavam conectadas à grade de internet existente.
Além disso, eles começaram a criar mecanismos de refriação do planeta:
Esses trabalhos conseguiram gerar alguns lagos e rios, mas nada grande o suficiente ainda para recuperar os oceanos. Esse trabalho, porém, conseguir criar alguns pontos específicos na Terra com temperaturas muito mais amenas, por volta de 40 graus Celsius. Algo muito mais próximo ao que existia por volta dos anos 2020-2030.
Esses robôs autômatos do final do século passado, continuaram seu trabalho no começo desse novo século:
Os robôs começaram a desmontar estruturas metálicas de fábricas de automotores, principalmente de fábricas de aviões, jatos e naves espaciais, e passaram a levar para os locais mais frios da Terra. A essa altura, com todo o trabalho e mais de uma década de resfriamento, a temperatura média encontra-se em 38 graus Celsius. A mais branda em 1500 anos.
Precipitações tornaram-se mais comuns, a quantidade de água do planeta voltou a crescer, mas ainda muito longe das gloriosas épocas da Terra Azul. Mais "oásis" surgiam e algumas novas espécies de animais, principalmente de insetos, surgiram. Algo que seria inimaginável nos últimos dias da humanidade. Ainda assim, nenhuma nova espécie teria tempo suficiente para desenvolver suas capacidades para ocupar o lugar da humanidade. Esse seria um processo de milhares ou milhões de anos.
As atividades de desmontagem de antigas estruturas continuou por essa década. Os robôs, por alguma motivo, começaram a ser desativados e ter suas partes levadas para os mesmo centros nas áreas mais frias da Terra. Dada a redução de robôs, a atividade de redução da temperatura global também diminuiu e, embora tenha tido queda, foi bem menor do que as anteriores. Agora, a temperatura média estava por volta dos 34 graus Celsius.
Por não haver mais as geleiras como no milênio anterior, é provável que a temperatura não diminua muito mais que isso e mantenha-se estável caso não haja qualquer ação que inverta as atividades do robôs nas últimas décadas. Embora isso não seja apontado como o motivo da destivação dos robôs, é bem possível que tenha sido um dos fatores.
Bem no início dessa década, uma nave chegou à Terra. Ela tem o formato de duas pirâmides coladas pelas suas bases mas inclinadas, lembrando naves espaciais de filmes de ficção científica. Sua cor parecia um cinza chumbo, quase preto. Seu tamanho não era dos maiores, algo do tamanho da nave Grande Gavião de uma empresa de viação interestelar da época de 2100.
Tal nave passou um ano orbitando o planeta antes que iniciasse sua trajetória para entrar na atmosfera local. Diferente do que acontece com a maioria das naves ou corpos seletes grandes que entram na atmosfera terrestre, essa nave desceu bem devagar para os padrões estelares. Ela também não super aqueceu, gerando aquela supercauda de cometas.
Após sua entrada na atmosfera, passou algumas semanas a "meia altura" antes de começar a percorrer o globo. Não parecia fazer nada mais que isso. Porém, era óbvio que estava percorrendo a rota que os robôs estavam fazendo ao levar as diversas partes dos desmontes para os locais mais frios na Terra.
Desde que começou a sua corrida ao redor do planeta, não teve um dia que ela parasse de fazê-lo. Parecia coordenar o trabalho dos robôs e garantir que tudo fosse feito no tempo certo e da forma correta. Até esse ano de 3637. Ela finalmente parou e desceu no que seria o equivalente ao Pólo Sul, se ainda existisse.
Lá, hoje, temos uma grande massa terra, quase um continente do tamanho da antiga Oceania. Temos algumas poucas plantas, vários pequenos lagos e algumas espécies de animais. Algumas horas após descer e "estacionar", a nave se abriu. Uma escada lisa e reta saiu da porção intermediária da pirâmide invertida (parte inferior) e de lá sairam robôs.
Dessa vez, porém, não eram como os robôs autômatos que estavam trabalhando na Terra. Eoram robôs com formas mais humanóides: dois braços, duas pernas, cabeça e tronco. Seus tamanhos eram propocionais ao de um humano dos anos 2100, que tinha, em média, 1,83m de altura. Caminhavam parecido com humanos mas, com certeza, eram robôs.
O metal de suas formas refletia a luz do sol. Era um metal escuro, porém menos escuro que o cinza chumbo da nave. Em sua cabeça, tinham lentes nos mesmo lugares que humanos tinham olhos. Onde deveria haver uma boca, havia uma área que podia mover-se para cima e para baixo, capaz de emitir sons. Onde deveria ter nariz, havia só um espaço vazio e reto.
E por hoje é só. Na parte 4, falarei mais sobre esses robôs humanóides que chegaram à Terra 3600 e o que eles pretendem fazer com e no planeta. Até a próxima!